Quando o poeta entrou na poesia
Estava o poeta pensando em como escreveria uma poesia, quando de repente
lhe surgiram uns alces em sua frente, e começaram a falar com ele
deixando escapar palavras, inicialmente, sem entendimento para aquele
homem. Foi quando ele se deu conta que alces não falam, mas porque
aqueles falavam com ele? Continuou andando e se deparou num canteiro
imenso de muitas hortaliças, surgindo dali um homem que entrava na porta
após molhar os vegetais, e vendo aquilo o poeta foi atrás daquele
mancebo, entrou pela porta, sem ser visto mas notando que eram um casal,
os dois sentaram-se na mesa junto com seu filho, de aproximadamente
nove anos. O casal sorria muito e a criança também, sendo assim, o poeta
pode notar a alegria naquele lar e começou a escrever. Os primeiros
versos de seu poema falavam da voz do animal falante aos seus ouvidos,
como que narrando a história daquela família, sobre a alegria da
verdadeira prosperidade em um lar, ainda que fosse pobre. Saindo então
daquela casa, se aproximou de um bosque, lá no bosque uma mulher chorava
o seu amor perdido, após a traição cruel do seu tão "dedicado" marido.
Aquela mulher estava em prantos, e repetia o tempo todo a frase:
-"Porque meu Deus?". Então o poeta se aproximou e mesmo sem palavras
dizia com seus olhos: -"Não chore, tudo se resolve." E a mulher sem nada
entender, seguiu para casa ainda triste e amargurada. E o poeta
escreveu novamente sobre isso, dizendo em seu poema sobre lágrimas que
encantam o amor ainda que sem merecimento da parte mais amada. O poeta
se inspirava ao andar por ali e foi seguindo em frente, olhou para o
alto e viu o céu limpo e os pássaros cantando, ele perdeu a noção de
onde estava ao sentir a brisa leve no seu rosto e olhar para o campo com
lírios e margaridas, o orvalho que caía do céu formava a aurora do
amanhecer, e o poeta se perdia na suavidade do cheiro das flores e do
mato, confundindo seus conceitos escreveu sobre o que sentia ali, pois
vivia um momento paradisíaco, com um horizonte a sua volta onde
imaginava chegar. Seguia ele ainda pasmo com o lugar, escrevia e
escrevia versos falantes ao coração, como vozes regentes da natureza tão
bela e o dissipar de tudo que não vale a pena, quando avistou uma pobre
criança mal vestida e mal cheirosa, pedindo esmolas próximo a uma
aldeia. As calças eram maltrapilhas, a camisa remendada, o que ainda
restava dela, e uma sandália parte rasgada e furada. A criança se
aproximou do poeta e pediu o que ele podia lhe dar naquele momento. O
poeta pensou e lhe deu um pedaço de pão que tinha levado, pois pensou,
esse menino precisa muito mais desse alimento do que eu certamente. Mas
além do alimento deu um abraço gostoso naquela criança maltrapilha e mal
cheirosa, recebendo imediatamente uma lágrima e um abraço mais forte
como forma de agradecimento. O poeta saiu dali todo satisfeito e
escrevia mais versos, falando do amor que gera mais amor através do
sentimento. Encantado com o seu passeio, prosseguiu, mas já não vivia só
cena da realidade. Se encontrou dentro de um espelho e notava as
pessoas que passavam por aquele espelho, se envaidecendo, embelezando,
ajeitando a roupa e a maquiagem. O poeta se encantou lá de dentro e
quase recitando seus belos versos para quem passava por ali. Então ele
rabiscava em seu poema os traços vivos, as diversas poses e manias que
pode observar de dentro daquele espelho...Ah o poeta mais vivo do que
nunca, esperava o momento certo de sair dali, mas estava intrigado com o
que acontecia e foi ficando até que adormeceu. Ao abrir os olhos, se
achou deitado em um navio e ao seu lado tudo pegava fogo. Uns gritavam:
-"Pulem!"; Outros: -"Cuidado!". O poeta meio perdido com aquela situação
a sua volta, pulou no mar e foi tragado por um redemoinho gigante que o
fez adormecer mais uma vez, mas quando acordou dessa vez estava em meio
a águas tranquilas a beira de uma cachoeira, com a cabeça repousada na
areia. Seu caderno molhado no bolso, com a caneta quase entupida, mas
ele colocou-os ao sol para secar, pegou uns cocos e os comeu ali,
bebendo também sua água suculenta. Logo que seu caderno se encontrou
seco, ele sacudiu sua caneta e escrevia sobre a turbulência enfrentada, e
logo após a calmaria ouvindo a canção dos pássaros numa ilha deserta.
Passava por ali um animal estranho e se aproximou dele, o animal tinha
asas, era grande e penoso, possuía também um bico enorme e parecia
alado. O poeta notou que o animal não desejava fazer mal a ele, e viu
como uma possibilidade de sair daquele lugar para as asas do vento e
seguir adiante sua viagem. O animal o conduziu pelos mares e o levou
para as nuvens onde pisou então, olhando o mundo lá de cima, de um
ângulo diferente escreveu os versos sobre a visão de cima, e toda a
fantasia daquele animal alado que o havia levado até ali. Já não existia
mais impossível para aquele poeta. Ele sabia que qualquer coisa podia
fazer, qualquer situação poderia viver ou qualquer fala dizer, mesmo que
somente com o coração. O poeta se entregou a sua poesia, vivendo
inusitadas situações. Se sentindo ferido algumas vezes ia dizendo, e
falando do amor, das esperanças, imaginação e lembranças dos nobres
mortais. Passou ainda por reinos nunca antes descritos em qualquer
livro. Sim. Depois que notou o poder que existia por trás da sua poesia,
também notou que a sua vida era intensa e podia ser vivida da maneira
que descrevesse. E ele continuou descrevendo e vivendo as desilusões,
sonhos, momentos de amor e fantasia. Continua ainda nos relatando até
hoje como foi ao inferno e depois ao paraíso, pois o poeta está mais
vivo do que nunca dentro de cada um de nós.
Eis aqui o poema gerado por ele nessa viagem fantástica:
Imensos reinos de amor e paz
De uma forma confusa a voz me veio,
Me falando sobre o amor e a alegria,
E a maravilha de me sentir lá no meio,
Dos sorrisos de uma linda família.
A prosperidade de um lar é mesmo assim,
Mas se num bosque triste você andar,
Quero que tenha pena de mim,
Não deixando me ver seu rosto triste a chorar.
Essa desfalecida família nada tinha a ver,
Com os sorrisos constantes do outro lar,
Mas o amor mais puro dessa mulher,
Encanta mesmo estando tão triste a soluçar.
Soluços que vão embora e o consolo vem,
Cercado então de flores e cantos mil,
Vivemos a brisa leve sentindo o bem,
Imagens de um horizonte cor de anil.
A natureza tão bela de um ser vivente,
O dissipar de tudo que não vale a pena,
São tantas as outras coisas que vem a mente,
Nas doces paisagens daquela cena.
Ah o amor que gera mais amor,
Quando um simples abraço pode ser dado,
Atitude pequena mas deixa sem dor,
A criança que lágrimas havia derramado.
Adormeci vendo as diversas formas de vaidade,
Podiam ser em gestos de soberba ou amor,
Gestos tão belos e cheios de maldade,
Que refletem a inteção do seu autor.
Acordei atribulado de angústia, mas não morri,
Seguido do medo e espanto, veio a calmaria,
Deveras solução alada que recebi,
Levando-me ao mais alto cume da dinastia.
Lá de cima pude ver a esperança,
Imaginação e lembranças dos nobres mortais,
E ver o sonho, onde ele alcança,
Imensos reinos de amor e paz.
Ander Monte
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